segunda-feira, 24 de março de 2008

Eterno descanso

O último poema escrito por Almeida Garrett encontrado no espólio existente na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e dado a público em 1999.

Eu disse a Deus: – Que importa,
Senhor, à tua glória
que sobre mim se feche a eterna porta
do túmulo, e não tique mais memória
deste verme de um dia na terra que o sumia?

Não foi teu braço forte
que do seio do nada
tirou a vida, e mandou logo a morte
para trazer eterno equilibrado
entre o ser e o não ser
nossa força e poder?

Escrito nas estrelas,
clamado pelos ventos,
bradado pelos mares nas procelas
no céu, na terra, em imortais acentos
Por toda parte está
o nome de Jeová.

Na imensa natureza
a voz do homem é nada.

3 de Agosto de 1853

1 comentário:

k@jó disse...

Penso em ti... Estou ao teu lado e dou-te a mão, abraço-te em silêncio no pensamento com o coração...

Beijo

(G.80, a melhor...)