sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Experiência

Gosto das pessoas que pecam. Gosto de me ver a rastejar, com a cara na lama, a gritar do inferno. Gosto das pessoas que me mostram que é neste mundo que há que ser melhor. Neste mundo em que também sou miserável e caio em mim por não ter mais onde cair. A perfeição procura-se por "noves fora". "Noves fora, nada." Não é por ali que sou feliz.
Também gosto dos outros. Para o equilíbrio. Gosto dos que me elevam.
Mas não gosto dos que me mentem por ignorarem o mundo. É real. Cai-se. Não somos a queda, não estamos sempre no chão, mas poucas vezes os pés não lhe tocam. É a fronteira constante entre o céu e a terra. E, quando se cai, o céu desce, e há vezes em que o vemos colado ao chão, no horizonte do olhar encostado à poeira do caminho, com a boca a saber a fumo, a chuva, a sangue, a dor. E é isso que alimenta e faz levantar.

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